terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Cadernos de Paris (extratos)-Karl Marx

A essência do dinheiro não consiste primeiramente em que nele a propriedade se exterioriza, mas em alienar a atividade mediadora, o movimento ou o ato humano e social, através do qual os produtos do homem se completam reciprocamente; as­sim se tornam a qualidade de uma coisa material exterior ao ho­mem, qualidade do dinheiro. Quando alheia essa própria ati­vidade mediadora, o homem é ativo apenas como homem desu­mano que se perdeu de si mesmo; o próprio relacionamento das coisas, a operação humana com elas converte-se numa operação de um ser exterior ao homem e além do homem. Este media­dor estranho faz com que o homem — em lugar de ser o pró­prio mediador do homem, — veja sua vontade, sua atividade, sua relação com os outros como um poder independente dele. Sua escravidão alcança então seu ponto mais alto. É evidente que esse mediador se converte no deus efetivo, pois o media­dor é o poder efetivo sobre aquilo com que ele me mediatiza. Seu culto passa então a ter um fim em si mesmo. Os objetos, separados deste mediador, perderam seu valor. Portanto, so­mente tem valor enquanto eles o representam, quando originariamente parecia que ele tinha valor enquanto ele os represen­tasse. Esta inversão da relação primitiva é necessária. Este mediador é portanto a essência alienada da propriedade privada que se perdeu a si mesma, a propriedade privada alheada que se tornou externa a si mesma, assim como ele (o mediador) é a me­diação alheada da produção humana com a produção humana, a atividade genérica do homem alheado. Todas as qualidades que lhe advêm na produção dessa atividade são transferidas pois para este mediador. O homem torna-se assim tanto mais pobre como homem, isto é, separado deste mediador, quanto mais rico esse mediador.
Cristo representa primitivamente: 1 — os homens diante de Deus; 2 — Deus para os homens; 3 — os homens para o homem.
Deste modo o dinheiro representa primitivamente segun­do seu conceito: 1 — a propriedade privada para a proprieda­de privada; 2 — a sociedade para a propriedade privada; .3 — a propriedade privada para a sociedade.
Cristo porém é Deus alheado e o homem alheado. Deus tem então valor somente quando representa Cristo e o homem tem valor somente enquanto representa Cristo. Ocorre a mes­ma coisa com o dinheiro.
Por que a propriedade deve adquirir a forma monetária? Porque o homem como ser sociável deve chegar até a troca e esta sob a pressuposição da propriedade privada deve chegar à forma do valor. O movimento mediador do homem que troca não é um movimento social e humano, não é uma relação humana, e a relação abstrata da propriedade privada à propriedade pri­vada e esta relação abstrata constitui o valor, cuja existência efe­tiva como valor é o dinheiro. Já que os homens que trocam não se relacionam uns aos outros como homens, a coisa perde então o sentido de uma propriedade humana e pessoal. A relação so­cial de propriedade privada à propriedade privada é já uma re­lação no interior da qual a propriedade privada se alienou. A existência para si dessa relação, o dinheiro, é por isso a alienação da propriedade privada, a abstração de sua natureza específica e pessoal.

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“A troca tanto da atividade humana no interior da produ­ção quanto dos produtos humanos entre si é igual à atividade genérica e ao espírito genérico cuja existência verdadeira, efetiva e consciente é a atividade social e o desfrute social. Já que a essência humana cria assim a verdadeira coletividade (Ge­meinwesen) do homem, os homens produzem por intermédio do cumprimento de sua essência, a coletividade humana, o ser (Wesen) social que não é um poder abstrato universal em opo­sição ao indivíduo isolado, mas a essência de cada indivíduo, sua própria atividade, sua própria vida, seu próprio espírito, sua própria riqueza. Não é através da reflexão que nasce aquele verdadeiro ser comunitário, nasce através da penúria e do egoísmo dos indivíduos, isto é, produz-se imediatamente através do exercício de sua própria existência. Não depende do homem que exista ou não esta coletividade, mas enquanto o homem não se reconheça como homem e com isso tenha organizado o mundo humanamente, a coletividade aparece sob a forma da alienação. Porquanto seu sujeito, o homem é um ser auto-alienado. Os homens, não como abstração mas como indiví­duos particulares reais e vivos, são esta essência. E como eles são, assim é ela. Por conseguinte, é a mesma expressão dizer que o homem se aliena e que a sociedade desses homens alienados é a caricatura de sua coletividade real, de sua verdadeira vida genérica   

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... a economia política compreende a coletividade humana, sua essência humana que se comprova a si mesma, sua mútua complementação sob a forma da troca e do comércio da qual nasce a vida genérica e a vida humana autêntica.
A economia política — como o movimento real — parte da relação de homem a homem como sendo a de proprietário individual a proprietário individual (Privateingentümer). Se o homem é pressuposto como proprietário individual, isto é, co­mo possuidor exclusivo que confirma sua personalidade através dessa posse exclusiva e por esta se diferencia dos outros ho­mens assim como se relaciona com ela — a propriedade privada e sua existência pessoal marcante e por isso essencial —; então a perda ou a concessão da propriedade privada é alheamento tan­to do homem como da própria propriedade privada. Conside­remos apenas esta última determinação. Se transfiro para ou­trem minha propriedade privada então esta deixa de ser minha e vem a ser urna coisa independente de mim e fora do meu âmbito, isto é, urna coisa que me é exterior. Alieno então mi­nha propriedade privada. Em relação a mim a situo como pro­priedade privada alheia. Mas a ponho apenas corno coisa em geral alheada e interrompo minha relação pessoal com ela; se apenas a alieno em relação a mim, devolvo-a às forças naturais elementares. No entanto, ela vem a ser propriedade privada alheada somente se ao mesmo tempo deixar de ser minha pro­priedade sem que por isso deixe de ser propriedade privada em geral, isto é, se passa a manter com outro homem exterior a mim a mesma relação em que eu mesmo estou, em outras pala­vras, ela se tornou propriedade privada de outrem. Excetuan­do o caso de força, como chego a alienar a outrem minha pro­priedade privada? A economia politica responde corretamente: por causa da penúria e do carecimento. O outro também é pro­prietário mas de outra coisa de que careço e de que não posso nem quero carecer, mas que parece satisfazer uma necessidade da minha existência e realizar minha essência.
A natureza espeíifica do objeto, que constitui a matéria de sua propriedade privada, é o vínculo a interrelacionar ambos os proprietários individuais. A nostalgia desses dois objetos, isto é, o carecimento deles, mostra aos proprietários e lhes traz à consciência que cada um além da propriedade privada ainda mantém, uma outra relação essencial com os objetos, que ele não é o ser particular que se crê mas o ser total cujo carecimento está também em relação de propriedade interior com a produção de. trabalho de outrem — pois o carecimento de uma coisa é a prova mais evidente e irrefutável de que a coisa pertence ao meu ser, que seu ser para mim, a sua propriedade é a propriedade, a qualidade de meu ser. Ambos os proprietários são portanto le­vados a desistirem de suas propriedades mas de tal modo que concomitantemente confirmam a propriedade privada, ou desis­tem da propriedade privada no interior da relação de proprieda­de privada. Cada uso portanto aliena uma parte de sua pro­priedade privada ao outro.
O relacionamento social ou a relação social dos dois pro­prietários colocou pois a reciprocidade do alheamento, a relação de alheamento de ambos es lados, ou o alheamento como relação de ambos os proprietários, enquanto na propriedade privada sim­ples ocorre apenas o alheamento unilateral no que respeita a si mesmo.
A troca ou o intercâmbio comercial é pois o ato social e genérico, a coletividade, o tráfico social e a integração do ho­mem no interior da propriedade privada e por isso o ato genérico exterior e alheado. Daí aparecer como intercâmbio comercial e ser o contrário de uma relação social.
Por intermédio do alheamento mútuo ou da alienação da propriedade privada a própria propriedade privada alcançou a determinação de propriedade privada alheada. Pois em primeiro lugar deixou de ser produto do trabalho, de ser a notável e exclusiva manifestação da personalidade de seu possuidor por este tê-la alienado, e adquiriu uma significação para quem não a produziu. Perdeu pois sua significação pessoal para seu pos­suidor. Em segundo, foi relacionada a outra propriedade pri­vada que lhe é equivalente. Em seu lugar aparece outra propriedade de outra natureza, assim como ocupa lugar de uma propriedade privada de outra natureza. De ambos os lados apa­rece pois a propriedade privada como representante de uma pro­priedade privada de outra natureza, como o igual (lis das “Glei­che”) de um outro produto natural e ambos os lados se relacio­nam mutuamente de um modo tal que um representa a existên­cia de outro e ambos reciprocamente se relacionam como subs­titutos de si mesmos e de seu outro. A existência da proprie­dade privada como tal converteu-se então em substituto, em equivalente. Em vez de sua unidade imediata consigo mesma, ela agora é somente como relacionamento a um outro. Como equivalente sua existência não é mais o que lhe é peculiar, con­vertendo-se por isso em valor e imediatamente em valor de troca. Sua existência como valor é diferente da imediata, é exterior ao seu ser específico, é uma determinação alheada dela mesma, é apenas uma existência relativa.
A matéria pela qual um valor é determinado assim como a maneira pela qual se rama preço será explicada noutra parte.
Suposta a relação de troca, o trabalho torna-se trabalho aquisitivo imediato. Esta relação do trabalho alienado atinge seu máximo quando: 1 — da parte do trabalho aquisitivo, o produto do trabalho não está em relação imediata com seu carecimento e com a determinação de seu trabalho, mas é determinado dos dois lados por combinações sociais estranhas ao trabalhador; 2 — aquele que compra o produto não é ele mesmo produtor mas troca o que outros produzem. Naquela forma elementar de propriedade privada alheada, o intercâmbio comercial, cada um dos dois proprietários individuais havia produzido aquilo a que seu carecimento e suas disposições imediatas, assim como o material natural existente o haviam conduzido. Cada um troca portanto o excesso de produção pelo trabalho do outro. Em­bora o trabalho fosse a fonte de sua subsistência imediata era também a confirmação de sua existência individual. Através da troca de seu trabalho torna-se parcialmente fonte de aquisição. Sua finalidade e sua existência divergem. O produto é produ­zido como valor, como valor de troca, como equivalente  não mais em vista de sua relação imediata e pessoal com o produtor. Quanto mais complexa a produção se torna, quanto mais com­plexos portanto os carecimentos, tanto mais complexas serão as operações dos produtores e tanto mais próximo está seu traba­lho da categoria de trabalho aquisitivo até que finalmente só lhe resta essa dimensão e torna-se acidental e inessencial o produ­tor estar numa relação de desfrute imediato e de carecimento pes­soal com seu produto ou se sua atividade, a ação do próprio trabalho apraz à sua personalidade, se é a realização de suas dispo­sições naturais e de finalidades espirituais.

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O homem – esta é a pressuposição básica da propriedade privadaapenas produz para ter. Ter é o objetivo da produção. E essa não possui apenas um significado utilitário, pois tem uma finalidade egoísta; o homem produz apenas para ter para si próprio, o objeto de sua produção é a objetivação de se carecimento imediato e egoísta. O homem para si, em estado de barbárie e de selvageria, tem por isso a medida de sua produção no âmbito de seu carecimento imediato, cujo conteúdo é imediatamente o objeto produzido.
Nesse estado pois não produz mais do que necessita imediatamente. O limite de seu carecimento é  limite de sua produção. Oferta e procura coincidem então completamente. Sua produção é medida por seu carecimento. Nesse caso não se verifica a troca ou a troca se reduz à troca de seu trabalho pelo produto de seu trabalho e essa troca é a forma latente (o germe) da troca verdadeira: tão logo porém a troca se verifique, tem lugar a sobre-produção para além do limite imediato da posse. Essa sobre-produção não consiste em ir além do carecimento egoísta. É antes a maneira mediata de satisfazer um carecimento que não encontra sua objetivação imediatamente nessa produção mas na produção de outrem. A produção se transforma na fonte de aquisição e em trabalho aquisitivo. Enquanto pois na primeira relação o carecimento é a medida da produção, na segunda a produção ou melhor a posse do produto é a medida, até onde os carecimentos se podem satisfazer.
Produzi para mim e não para ti como produziste para ti e não para mim. O resultado de minha produção tem em e para si pouca relação  contigo quanto o resultado de tua produção tem relação imediata comigo. Isto é, nossa produção não é produção do homem para o homem como homem, a saber, não é produção social. Nenhum de nós como homem mantém relação de desfrute com o produto de outrem. Enquanto homens portanto não existimos para nossas produções respectivas. Nossa troca não pode pois ser o movimento mediador em que se confirmaria que meu produto seria (para) ti por ser objetivação de tua própria essência e de teu carecimento. Pois não é a essência humana o vínculo de nossa produção de um para o outro. A troca pode então movimentar, confirmar o caráter que cada um de nós tem em face de seu próprio produto e, por conseguinte, da produção de outrem. Cada um de nós   em seu produto apenas seu interesse egoísta próprio objetivado e portanto no produto de outrem outro interesse pessoal independente dele, objetivo e alheio.
No entanto, tu, como homem, possuis uma relação humana com meu produto; tu careces de meu produto. Ele se apresenta por isso diante de ti como objeto de teu desejo e de tua vontade. Mas teu carecimento, teu desejo, tua vontade são carecimento, desejo e vontade impotentes no que respeita a meu produto. Isto é, tua essência humana, que por ser humana necessariamente mantém um relacionamento interior com minha produção humana, não é o teu poder, a tua propriedade dessa produção, porquanto na minha produção não são reconhecidos nem a peculiaridade (Eigentümlichkeit) nem o poder da essência humana. São ante o elo que te faz dependente de mim, porque te colocam na dependência de meu produto. Longe de serem o meio que tepoder sobre minha produção são o meio que mepoder sobre ti.
Se produzo mais do que eu próprio posso imediatamente utilizar do objeto produzido, então minha sobreprodução se calcula e se refina tendo em vista teu carecimento. Aparentemente produzo apenas um excedente desse objeto, mas na verdade produzo outro objeto, o objeto de tua produção o qual penso trocar por esse excedente, uma troca aliás que realizei no pensamento. A relação social que mantenho contigo: meu trabalho para o teu carecimento, é por isso também mera aparência e nossa complementação recíproca é também mera aparência a que a pilhagem mútua serve de fundamento. A intenção de pilhagem, de logro está necessariamente à espreita, pois nossa troca é uma troca egoísta tanto do meu como de teu lado, porquanto cada interesse pessoal procura ultrapassar o alheio, de modo que necessariamente nos procuramos enganar. A medida de poder que atribuo a meu objeto em relação ao teu requer para tornar-se um poder real o teu carecimento. O mútuo reconhecimento dos poderes respectivos de nossos objetos é porém um combate, e no combate vence quem possui mais enegeria, força, saber e habilidade. Se a força física basta, então te roubo simplesmente. Se terminou o reino da força física, então nos procuramos iludir reciprocamente com aparências, e o mais hábil passa a perna no outro. Para a totalidade da relação é acidental quem leva vantagem sobre o outro. Idealmente, um logra o outro, a saber, cada um segundo seu juízo prejudicou o outro.
A troca é então necessariamente mediatizada de ambos os lados por intermédio do objeto da produção e da posse recíprocas. A relação ideal aos objetos respectivos de nossa produção consiste de fato em nosso carecimento recíproco. A relação real, porém, que se torna real, a relação verdadeira, que se cumpre a si mesma, é apenas a posse exclusiva e recíproca da produção respectiva. O que no teu carecimento de minha coisa confere valor, dignidade, e efeito em mim é somente o teu objeto, o equivalente do meu objeto. Nosso produto mútuo é assim o meio, a mediação, o instrumento, o poder reconhecido de nossos carecimentos mútuos. Tua procura e o equivalente de tua posse possuem portanto a mesma significação, são termos equivalentes para mim, e tua procura somente possui sentido porque tem efeito quando o sentido e a ação me dizem respeito. Como simples homem, tua procura sem este instrumento é um impulso insatisfatório de tua parte, uma idéia que não se concretiza para mim. Como homem tu não manténs pois relação alguma com meu objeto, porque eu mesmo não tenho relação alguma com ele. Mas o meio é o verdadeiro poder sobre o objeto e por isso encaramos mutuamente nosso produto como o poder de um sobre o outro e sobre si mesmo, isto é, nosso próprio produto ergue-se contra nós; parecia ser nossa propriedade, mas na verdade somos nós a sua propriedade. Estamos excluídos na verdadeira propriedade porque nossa propriedade exclui outro homem.
A única linguagem inteligível que falamos uns com os outros é a dos objetos em seu mútuo relacionamento. Não entenderíamos uma linguagem humana que ficaria sem efeito; de um lado, seria compreendia e sentida como pedido, como súplica e por isso como humilhação e assim seria apresentada com vergonha e com a sensação de aviltamento; de outro lado, seria tomada como descaramento e demência, sendo então descartada. Somos tão alheios reciprocamente ao ser humano que a linguagem imediata desse ser nos parece uma ofensa à dignidade humana e, em compensação, a linguagem alienada dos valores materiais nos parece legítima, autoconfiante, querendo-se dignidade humana.
Com efeito, de teu ponto de vista, teu produto é o instrumento, meio de apropriação de meu produto e, por conseguinte, de satisfação de teu carecimento. Mas, de meu ponto de vista, é o objetivo de nossa troca. Tu tens tanto mais valor para mim como meio e instrumento de produção desse objeto que é meu objetivo quanto menos vales nessa relação a meu objeto. Mas, primeiro, cada um de nós faz efetivamente aquilo que ao outro lhe parece. Tu te transformaste realmente em meio, instrumento, em produtor de teu próprio objeto a fim de te apoderares do meu. Segundo, teu próprio objeto é para ti apenas o invólucro sensível, a forma oculta de meu objeto, pois sua produção significa e que exprimir a aquisição de meu objeto. E, de fato, até mesmo tu te transformaste em meio, instrumento de teu objeto de que teu desejo é servo, de modo que te fizeste de servo para que o objeto de teu desejo nunca mais conceda uma graça. Se entre nós essa mútua servidão ao objeto, no início do desenvolvimento e também agora, parece realmente com a relação de senhoria e servidão, esta é apenas a expressão bruta e sincera de nossa condição especial.
Nosso valor recíproco é para nós o valor de nossos objetos recíprocos. E o homem é pois para nós mutuamente sem valor.

(...)


Os extratos acima constam como parte integrante da análise de José Arthur Giannotti em Origens da dialética do trabalho (L&PM, Porto Alegre, 1985, ver pp. 151-154, 162-167) e foram traduzidos pelo próprio autor.


Fonte: Antivalor

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